28 de fevereiro de 2014

É a América Latrina

Ouvi um pouco do sala de redação hoje. O suficiente para, cada vez mais, me convencer que o Cacalo não é sério. Este senhor é, talvez uma das poucas pessoas que não tem o direito de criticar as vendas que o Grêmio fez. E ele não tem este direito, não pelas bobagens que cometeu enquanto foi presidente. Ele não tem este direito simplesmente porque sabe como funciona um clube de futebol e principalmente o que acontece quando salários são atrasados. Por alguma razão ele está jogando para a torcida. E jogando muito mal, diga-se de passagem.

Já muitos torcedores choraram as vendas inconformados. Estes eu entendo. Às vezes, senão quase sempre, a paixão supera a razão. Não é por outra coisa que marido ou mulher apaixonado por alguém fora de casa se torna descuidado e deixa um monte de rastros só para passar algum tempo com a paixão proibida. A estes eu deixo uma pequena explicação. Vivemos na América Latrina. Não temos o direito de sonhar. Aqui se mata um leão por dia para continuar vivendo. Por mais que queiramos, os times brasileiros não tem a força e o poderio de um time de ponta europeu. Nem sequer dos times do leste europeu. Chorar e criticar é perder tempo. Ou não tem quem deixa de comprar um chocolate para poder comprar o leite dos filhos? Ou melhor, na maioria dos casos não fazemos isto?
Os salários estão atrasados. Se não forem pagos não adiante ter um time de craques. Eles simplesmente não jogarão. As circunstâncias dos negócios, dentro do possível foram excelentes. Eles ficarão aqui até o final da Libertadores. Não irão tirar o pé? Até é possível, mas não é provável. Primeiro porque certamente estão cobertos por um belo seguro. Segundo porque já mostraram que gostam do clube e querem deixar sua marca na história.

Mas e as estruturas provisórias? Você pergunta. De onde sai o dinheiro? Certo que sairá da ampliação que não será feita no Hospital de Pronto Socorro. Ou será talvez fruto do dinheiro que não irá para os caminhões de bombeiros que tanta falta fizeram no incêndio de terça-feira. Aliás, nunca pensei que viveria para ouvir gente defendendo a não ampliação do HPS. Mas aconteceu. Foi também pungente a reportagem que saiu sobre as dificuldades dos bombeiros para operarem em casos de incêndio. Pergunta se o governo está preocupado. O que importa é a Copa do Mundo. Mas como? Você exclama! É a América Latrina, eu te respondo.

Mas tem mais. O mesmo time que não tem dinheiro para pagar estas estruturas que se comprometeu a bancar assinando um contrato, está buscando 16 milhões de reais para comprar o Aranguiz. É possível isto? Claro, eu respondo. Nós vivemos na América Latrina.